domingo, 18 de dezembro de 2011

Poesia e literatura

Minha mãe escreve poesia, ela é uma poetisa. Ela vira e revira as palavras, rimando, criando novos sentidos e modernizando o antigo. Ela também é professora de português, e conhece as palavras e regras da nossa língua. Ela conhece o jeito do português brasileiro.

Eu acho a poesia uma coisa linda, mas eu não nasci poeta, então a arte de brincar com as palavras me foge. Também não tenho talento para entender a literatura que é feita por autores "clássicos", ou outros complicados assim, pois o significado das palavras há muito ditas não fica na minha cabeça. Eu não consigo manter a linha de pensamento do tal autor na cabeça, porque o que ele queria me dizer simplesmente me foge.

Talvez o meu destino seja mesmo escrever, porque eu tenho "jeitinho" para isso. As palavras se formam na minha mente enquanto eu escrevo (ou digito), e as vezes se embolam na pressa para deixar a minha mente e finalmente vir a existir.

Mesmo não seguindo a linha tradicional, eu continuo teimando em tentar me expressar usando palavras e frases feitas, completas da nossa língua, as vezes inventando um pouco (mas do que seria do mundo sem a imaginação?), e seguindo as instruções de um voz sussurrada ao pé do meu ouvido, dando vazão a uma vontade que mais parece uma comichão que quanto mais coçada, mais coça.

Na verdade, esse post não seria sobre isso, mas sim sobre o talento e a inclinação para a poesia que me escapa, como eu imaginei que seria enquanto estava no banheiro. Mas eu nada posso fazer, apenas escrevo o que meu pequeno inquilino me diz, e ele pode ser um pouco volátil. Com suas idéias perigosas, ele me instiga a externalizar meus pensamentos usando a forma escrita, já que sempre que eu tento falar 'pra fora', e me comunicar com outros seres humanos, eu acabo frustrada, e irritada, já que aparentemente eles (os ditos humanos) nasceram sem a capacidade de me ouvir e compreender.

Mas, e se isso for minha culpa? E se o problema não for com o resto do mundo, mas sim comigo? Eu posso ter defeitos de fabricação, e por isso ninguém parece ser capaz de me compreender. Não, eu sou perfeitamente capaz de mostrar o que eu quero dizer, e se eles não entendem, problema.

Claro que compreender uma pessoa, no total espectro de significados da mente do ser em questão, é uma tarefa impossível (impossível, não, que eu não acredito em impossibilidades, mas sim extremamente árdua).

As idéias mudam, o tempo todo (um exemplo disso é como o assunto mudou do início desse post até aqui. E pensar que eu queria só falar sobre como a poesia é bonita e entretanto inalcançável para mim), e o tempo necessário para entender alguém é bem menor do que o que leva para esse mesmo alguém mudar de ideia. Mesmo assim, e talvez seja uma consequência disso, os homens insistem em tentar entender as mulheres (e vice-e-versa)!

Finalizando... Ah, tá bom, eu não vou finalizar! Esse blog é de histórias inacabadas, e eu acho que você conseguem chegar à uma conclusão sozinho! Se sua linha de raciocínio estiver conectada com a minha (metaforicamente falando), você sabe o que eu quero (quis) dizer.

Coração tóxico - 1º capítulo

Veias de veneno

“... foram encontrados ontem cinco corpos, congelados abaixo da superfície do gelo no lago Tahoe. Segundo as autoridades, a causa da morte de todas as vitimas é envenenamento por arsênico. Ainda não foram divulgadas as identidades das vitimas, mas informantes da polícia encarregados do caso supõem que elas sejam novas vitimas do envenenador, o assassi...”
-Que idiotice – Ângela disse, e desligou a TV. Ela andou até o laboratório, adentrou-o, sempre empurrando o carrinho da faxina, e começou a limpar. Enquanto limpava, ela ouvia tudo que era dito pelos médicos, observa tudo a sua volta e anotava mentalmente e cautelosamente o que considerava importante. Ela era uma mulher negra, de estrutura média e sorrisos que vinham fácil, tinha cabelos crespos e negros, era magra e bem humorada, e cantarolava enquanto limpava o Instituto Médico Legal de Londrina. Todos a adoravam.
-Bom-dia, doutores.
-Bom-dia, Ângela. Será que você poderia deixar para limpar o necrotério depois? Eu sei que você tem um cronograma a seguir, mas acabaram de chegar os corpos das vitimas do envenenador, e lá está um inferno.
-Tudo bem doutor. Eu vou limpar o escritório primeiro, depois volto a seguir o cronograma - ela saiu calma e sorridente, cantarolando suavemente.
“Os novos corpos do envenenador acabaram de chegar, né? E eu aposto como vocês não encontraram nada neles. Veias cheias de arsênico, corpos nus, o de sempre. Digitais queimadas, só para dificultar a identificação das vítimas. E nenhuma pista, nem ao menos um vestígio que prove o assassinato, e exclua o suicídio. Eles nem ao menos podem provar que o “envenenador” existe. Bando de idiotas que conseguiram um diploma. Acham que são melhores do que eu, só por que são médicos, os ‘doutores”. Mas eles vão desejar não serem médicos quando eu acabar.
Dito e feito, ou melhor, pensamento concretizado. Ângela terminou de limpar tudo, sempre compilando informações, foi para casa no final de semana, e esperou pelas manchetes, que logo chegaram.
“Hoje foram encontrados mais três corpos congelados, desta vez no frigorífico abandoado da Rua Turquia. Os corpos foram envenenados com arsênico, e são outras possíveis vitimas do assassino serial que assombra nossa cidade, o envenenador. O desespero dos familiares das pessoas que desapareceram recentemente só aumenta cada vez que mais as identidades das vitimas do envenenador são confirmadas como sendo de pessoas que desapareceram nos últimos dois anos. Estima-se que os corpos estiveram congelados por muito tempo, mas o porque de o assassino só revelá-los agora, as autoridades desconhecem.”
- Novos corpos? Ah, nossa que surpresa. E eles só vão aumentar.
E, na realidade, eles aumentaram. Em grupos cada vez menores, os corpos de todos (bem, quase todos) os rostos que estampavam a lista de desaparecidos foram aparecendo, sempre congelados, nus, envenenados e com digitais queimadas, cada vez mais vitimas dele, do mais célebre assassino serial da história de londrina. Agora, Londrina, a cidade com maior índice de mortos e desaparecidos do país, estava frente a frente com algo inusitado, o envenenador.
O mais estranho desses assassinatos, era que eles não estavam sendo praticados agora, era apenas a revelação de algo que vinha durando anos, sempre em segredo, algo macabro, que aterrorizava a população entediante de Londrina. A contagem de corpos já estava em 34, e continuavam a subir, depois da onda de desaparecimentos que acontecera nos últimos três anos anteriores, a cidade era palco de uma maléfica revelação, os desaparecidos não estavam desaparecidos todo esse tempo. Agora eles apareciam aos montes, empilhados e congelados, desprovidos de dignidade ou humanidade, mas com as veias sempre bem providas de arsênico.
“Só mais um dia cheio de corpos em Londrina. Mais um dia comum na vida entediante da população londrinense. Bom, isso vai mudar se eu puder interferir, nesse caso, é só mover uns corpinhos ali, outros aqui, e o tédio desaparece, sendo substituído pelo horror. Uma troca perfeita.” – Pensou Ângela consigo mesma.
Ela se levantou e desceu as escadas para o porão. Vestiu-se adequadamente (com uma roupa que era uma mistura bizarra de uniformes de açougueiro e de dentista), e pegou um corpo do freezer. Apenas um, desta vez. Era uma mulher de 30 anos, baixinha. Era tão leve que ela não teve dificuldade alguma em colocá-la no carrinho de gelo e levá-la escada acima, e para o caminhão de gelo parado na porta de casa. Essa era a parte mais arriscada e mais complicada, o transporte dos corpos do porão, um por um, e levá-los para o caminhão. Depois ela dirigia o caminhão pela cidade, dando voltas aleatórias, para depois estacionar nos fundos, na região do lugar onde ela fosse deixar os corpos, geralmente lugares abandonados e fora de vista, onde ninguém iria reparar num caminhão velho.
Ela colocaria os corpos no local arrumando-os como em uma obra de arte, e depois dava um jeito de encontrarem os corpos, sempre de um jeito chocante, já que ela colocava-os em momentos oportunos, como no inicio da reforma do frigorífico, ou nesse caso, na véspera da nova inauguração da pista de hóquei.
  O gelo iria ser trocado no dia seguinte, pois a pista estava fragmentada. Qual seria a surpresa dos trabalhadores, quando encontrassem um corpo sobre o gelo! Ela mal podia esperar. A repórter Luiza Abreu virá para filmar o local, e ela horrorizada e muda ao ver o corpo nu de sua irmã gêmea, Ana. Mais uma vez os ricos habitantes de londrina vão perceber que não estão seguros atrás de seus muros e cercas elétricas, não mais do que nós, os ditos pobres. Eles vão odiar isso, tanto quanto Ângela irá adorar. Claro que embora pareça simples, havia muitas coisas que levaram a essa noite.
Levava semanas de preparação, desde a identificação das vitimas e a pesquisa sobre os lugares à queima das digitais e a remoções dos vestígios, além dos álibis que ela tinha que forjar.
Ela tirava as impressões digitais dos copos antes de queimar com ácido os dedos, e limpa-los. Então ela lavava os corpos, não deixando partículas suspeitas para trás. Vitimas congeladas, limpas e bem mortas, ela podia começar a pesquisa sobre suas identidades.
Como ela tinha acesso total ao laboratório do Instituto isso era fácil. Depois ela arranjava um lugar com bastante gelo pra plantar os corpos, sempre em circunstancias favoráveis ao plano, que era a descoberta no dia seguinte, sempre tendo como alvo os ricos, importantes e famosos. Mesmo quando eram mendigos, ela dava um jeito dos holofotes do horror ficarem voltados na direção do mundo privilegiado deles. E o melhor de tudo era que ela conseguia tudo isso sem precisar matar ninguém, ficando fora de suspeitas.
-11:00 horas. È a hora.
Ângela vai até o estádio de hóquei, e estaciona no fundo dele. Arromba o cadeado e leva o cadáver até a pista, soterrando-o com gelo. Depois sai sorrateiramente, deixa o caminhão na garagem, vai para uma festa e fica a vista de todos, construindo um álibi. Chega em casa pela manhã tendo certeza que a vizinha à viu chegar, cumprimenta-a e dorme o resto da manhã.
À tarde no domingo, liga a TV para ver o resultado da sua pequena expedição da noite passada.
“Os trabalhadores encontraram o corpo quando iam para a pista de gelo hoje de manhã. Senhor Luiz, o senhor foi o primeiro a ver o corpo, Certo?
-Fui eu sim, senhora.
- E foi o senhor também que ligou para a policia?
Sim, eu vim pra por o gelo, e era eu quem ia tirar os pedações quebrados de gelo. Aí quando eu estava tirando os pedaços, eu vi aquele trem diferente, sabe? Era claro, mas num era da cor do gelo, eu cavei mais um pouquinho e tinha uma mulher ali. Eu pensei que ela fosse um manequim, por que estava perfeita demais. Mas acabou que era gente, daí eu me lembrei do envenenador, e liguei para a policia.
-Obrigada pelo seu depoimento, senhor. Como o senhor Luiz Vaz afirmou, a vitima é uma mulher de pele clara, loira. Ela foi colocada na pisa durante o sábado, pois foi o único momento em que a pista ficou desocupada. Os investigadores afirmam que ela já estava morta a cerca de 8 a 9 meses, antes de ser trazida para a pista. A vitima já foi identificada como Ana Abreu Dourado. Aqui é Luiza Abreu ao vivo do estádio municipal de hóquei.”
Ângela desligou a TV, meio carrancuda. Não tinha sido bem como ela esperava. Luiza recuperara o profissionalismo bem a tempo de gravar a matéria. Talvez ela não gostasse muito da irmã, de todo jeito. Bom, pelo menos era alguma coisa. Ela iria superar. Havia mais corpos para expor e muito tempo para fazê-lo. Tudo estava bem, então ela foi olhar a quantidade restante de corpos congelados no freezer.
- Pelo menos, me sobraram algumas surpresinhas - Ela sorriu para o corpo do ex-prefeito da cidade – Você ainda vai fazer muito bem a essa cidade!
Pelo menos era o que ela achava. Mas as coisas começaram a rumar para uma direção inesperada a partir daquele momento. A campainha toca.
- Já vai – Ângela sobe as escadas, tranca o porão e coloca um tapete sobre a entrada antes de abrir a porta, toda sorridente.
-Oi, o que você veio fazer aqui? 

sábado, 17 de dezembro de 2011

Crônica de natal: Chester

Era um dia ensolarado e quente de dezembro, e eu estava andando pelas ruas da cidade desesperada a procura de um peru. Dentro de alguns dias, aconteceria a ceia de natal da minha família, e eu ainda não tinha o maldito peru. Você pode sentir o desespero disso, não?

Aparentemente, eu e o resto do mundo estávamos a procura de produtos natalinos, tais como panetones, presentes de última hora, e, é claro, perus (os malditos perus!). As ruas estavam lotadas de pessoas tão desesperadas como eu, andado apressadas sem se importar com coisas supérfluas como o verdadeiro significado do natal e idiotices assim (ora, todo mundo sabe que o nascimento de cristo não foi no natal, e essa baboseira de significado do natal é só estratégia de marketing), e a tensão pré-natal estava no ar.

Eu já havia ido à cinco supermercados diferentes, mas infelizmente nada de peru. Panetones, presentes, pisca-piscas e bolas, sim, tudo pronto, menos o principal. "Eu já posso até ver a cara da minha sogra quando formos jantar. Ela vai fazer uma cara decepcionada e dizer: 'Sem peru? Que triste.' Vaca." - Eu penso comigo mesma.

Então, no ato de atravessar a rua, eis que eu noto a minha salvação: Um supermercado aberto. "Melhor sorte na sexta vez" - Eu desejo, desanimada. Adentro o recinto, embalada, esperando que eles ainda tivessem perus. Bem, os perus tinham acabado, fui informada lá dentro , mas ainda tinha chester.

Chester! Seria essa (não tão) pequena aberração da natureza minha salvação? Todo mundo sabe que o chester é uma ave geneticamente modificada para parecer com uma galinha gigante. Claro que, diferentemente do peru, ela tem ossos tão grandes como os da galinha (proporcionais ao seu tamanho). Mesmo assim (e por isso mesmo), eu não estava tão segura de que minha família iria gostar de ter um frango gigante ao invés de um peru. Sem opções, eu levei o chester mesmo.

Já em casa, enquanto eu prepara a ceia, eu divaguei sobre a origem do chester que iríamos comer essa noite. "O que é um chester?" - Eu me perguntava - "Alguém já viu um chester? Será que chester realmente existem ou é isso que eles querem que eles querem que a gente pense?" Como você deve ter percebido, eu sou um pouco paranoica. Não muito, mas o suficiente.

Na hora da ceia, tudo estava correndo muito bem. O meu salpicão foi muito elogiado por todos (Eu mesma não comi dele, pois não acredito que doce e salgado ficam gostosos misturados), e a alegria estava no ar. Então, eu resolvi trazer o chester, que afinal era o prato principal.

Fui até a cozinha e peguei o tal chester, posicionando-o no meio da mesa. Eu levantei a tampa, e esperei pelos comentários.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Livro: Coração tóxico

Essa é a única história que eu consegui terminar. Talvez você ache estranho: "Ué, mas você não fez esse bolg justamente para postar histórias inacabadas?"
Sim, mas como toda regra regra tem uma exceção (menos essa regra em particular, o que é em caso uma exceção da mesma), essa é a exceção.
Eu vou dividir em partes, então vou postar toda a história.


Coração Tóxico


Isabella Nunes

Autora: Isabella Nunes
Data: 13/06/11
Título original: Poisoned Heart
Revisão: Paloma Machado
Ficção científica/Romance policial
Brasil, 2011
Todos os direitos reservados à autora.
Índice:
Dedicatória                                                             04
Prólogo                                                                   05
1º capítulo - Veias de veneno                                   06
2º capítulo – De volta ao lar                                      12
3º capítulo – Pequenos passos                                  18
4º capítulo – Segredos revelados                               24
5º capítulo – A droga do amor                                   30
6º capítulo – Nunca acaba bem                                36
Epílogo                                                                    37
Sobre a autora                                                        38











Dedicatória

Este livro é dedicado a todas as pessoas que ajudaram na sua produção, e a pessoa que me inspirou a escrevê-lo. Obrigada. Sem vocês, eu nunca teria terminado. E a minha fonte de inspiração, obrigada por existir. Minha vida seria horrível sem você. Eu agradeço também aqueles que mais me atrapalharam do que ajudaram, mas que pelo menos tentaram. Continuem atrapalhado a vida dos outros, vocês são ótimos nisso.

















Prólogo

A vida de Ângela era normal e desagradável antes dela se mudar para Londrina. Mas tudo mudou quando ela descobriu cadáveres no porão da sua nova casa, e resolveu fingir que ela era uma assassina, como uma forma de vingança contra a sociedade. Ângela ainda vai descobrir que não se deve brincar com cadáveres...

Continua no próximo post...

Apresentação

As vezes, eu tenho uma sede de escrever. Penso na história, nos personagens, e me parece que esses personagens são pessoas que esperam ansiosamente por mim, para escrever suas histórias. Infelizmente, minha ‘conexão’ com essas pessoas não é muito boa, então sempre, no meio de uma história, eu me perco delas, e paro.
Essas histórias ficam esquecidas, largadas num canto, e eu nunca mais volto a escreve-las. Elas estão perdidas, agora. Eu não poderia recupera-las, e recomeçar a escreve-las de onde eu parei, pois a ideia que as movia está perdida.
Então, não espere ver histórias completas aqui, pois as minhas histórias não possuem finais felizes, porque não possuem nenhum final!
Mesmo assim, espero que as histórias sejam do seu gosto, e por favor não peçam pelo final das histórias. O final, vocês devem somente imaginar, pois o melhor a respeito das minhas histórias é que elas são relativas. Elas podem ser felizes, tristes, etc. Dependendo de você, e seu gosto.